Memória Descritiva
O projecto para a Sepultura, a colocar no Cemitério Paroquial de Parada (Arcos de Valdevez), tem como finalidade a substituição da actual, por uma outra, onde repousem os restos mortais dos familiares, que, sendo a sua última morada, será, também, memorial à sua vida, lembrança (para os que ficam) daqueles que já partiram.
Tem como princípio basilar a sobriedade e simplicidade, procurando, através desses valores, transmitir "Paz" e ser "Memória".
Os materiais a utilizar serão, exclusivamente, pedras naturais, a saber: granito e calcário. A duplicação dos materiais (e a sua conjugação) representa as várias dualidades associadas à nossa existência: vida e morte, terra e céu, presença e ausência. O granito (material local e rude) liga-se à terra, ligação telúrica que a todos une: terra-terra, terra-origem, terra-lugar, sítio de onde provimos e onde regressamos (/regressaremos). Sobre este, pousa uma fina peça de calcário, branco, que nos transmite paz, leveza; eleva ao céu. Sobre a vida, a pedra da morte que tudo encerra, que tudo acalma, e que, a seu tempo, tudo pacificará. Escavado entre os dois (deixando antever, por baixo da pureza do branco calcário, a rudeza do granito), desenha-se a Cruz, símbolo da religiosidade, da união, peça que se escava e que une, que sai das entranhas para se revelar; um acto de escavar que simbolizará, porventura, as dificuldades e o sinuoso caminho para a atingir e compreender. Essa união cruciforme escavada, revela uma Cruz que nos está implícita (não necessariamente sempre explícita), mas que de todos faz parte, que a todos identifica, que a todos une. À cabeceira duas peças verticais, conjugando novamente os materiais descritos, procuram simbolizar dois troncos, dois pilares basilares da nossa existência: a um lado a família, ao outro o indivíduo; essa existência dual que somos, entre a solidão e a união, entre a introspecção e a sociabilização, entre o "eu" e o "nós". Assim, a cada uma das peças estará associada uma diferente designação, escavada, correspondendo a uma a inscrição geral de identificação da família ali sepultada, e memorializada perpetuamente (S.P. FAMÍLIA SILVA BARROS), e na outra, as inscrições dos nomes dos familiares ali sepultados.
A esta simplicidade e clareza, que tudo procura dizer através da busca do essencial (eliminando, à partida, o acessório), sobrepor-se-ão, naturalmente, as diferentes lembranças e memórias da família que ali visita e lembra os seus falecidos, através da colocação de uma flor e/ou de uma vela....
R.I.P. | Requiescat In Pace