A empresa londrina dMFK Architects restaurou e reaproveitou uma antiga fábrica de papel de parede em Chiswick, na zona oeste de Londres. Projetado por C. F. A. Voysey, um arquiteto inglês e defensor do movimento Arts & Crafts, o edifício de 1902 ganhou uma nova vida.
A fábrica de papel de parede de cinco andares foi originalmente projectada para a Sanderson, o fabricante britânico de papéis de parede e têxteis. O edifício da fábrica, classificado com o grau II* de Artes e Ofícios - denominado Voysey House - é o único edifício industrial projetado por C.F.A. Voysey (que também era designer de mobiliário e têxteis) e fazia parte de uma expansão da fábrica Sanderson em Chiswick (inaugurada em 1879). Um incêndio numa fábrica vizinha, em 1928, levou a Sanderson a procurar novas instalações e a Voysey House foi subsequentemente convertida em escritórios: “O edifício sofreu remodelações fragmentadas ao longo dos anos que diluíram a sua identidade”, afirma a dMFK Architects.
A empresa de investimento e desenvolvimento imobiliário Dorrington comprou a Voysey House em 2020 e fez uma parceria com a dMFK para reviver e restaurar o carácter e o prestígio originais do edifício: o trabalho centrou-se na criação de espaços de trabalho de alta qualidade e na redução das emissões de carbono do edifício. Ao fim de quase um século, o percurso da Sanderson completou um círculo completo com o regresso da empresa à Voysey House.
O trabalho de restauro planeado para a Voysey House exigiu um processo de consulta ponderado com a Historic England (um organismo público encarregado de proteger o ambiente histórico de Inglaterra) e o Hounslow London Borough Council. Após este processo, a dMFK obteve autorização para substituir as janelas existentes no edifício (não as janelas originais) por “vidros duplos ultra-finos de 7,7 milímetros colocados em reproduções de aço das molduras originais”. Esta intervenção serviu para restaurar o projeto de C.F.A. Voysey de 1902 e, mais importante ainda, para reduzir o valor U do edifício em mais de 50 por cento. A fábrica histórica obteve agora uma classificação A no EPC (Certificado de Desempenho Energético).
As intervenções anteriores no edifício incluíram a incorporação de uma garagem, um átrio de entrada e uma plataforma de trabalho elevada - como consequência, a presença da estrutura na rua era particularmente desordenada. “O projeto revisto transformou esta situação num espaço permeável de triplo aspeto que se integra perfeitamente na sua envolvente e dá as boas-vindas aos transeuntes na fachada da loja Sanderson”, afirma dMFK. Nos pisos superiores, que não são originais, o estúdio adicionou um revestimento de cobre oxidado aos terraços interiores dos poços de luz, juntamente com pormenores arquitectónicos em “verde garrafa Voysey”. A arquiteta do projeto, Mathilda Lewis, explica: “Durante o restauro da antiga fábrica de papel de parede de C.F.A. Voysey, procedemos a uma análise detalhada da pintura para descobrir as suas escolhas de cor originais. Isto revelou que foi selecionada uma tonalidade verde garrafa em 1902, pelo que a incorporámos na estrutura metálica arquitetónica e nos caixilhos das janelas dos terraços interiores dos poços de luz.”
Os trabalhos adicionais no edifício incluíram a relocalização de serviços de modo a abrir os interiores luminosos, bem como o reposicionamento e a limpeza dos tijolos. A fachada original da fábrica - com tijolos brancos vidrados em ligação inglesa, tijolos azuis de Staffordshire (que tinham sido pintados de preto) e revestimentos de pedra de Portland - foi meticulosamente reparada e restaurada.
O Historic England descreveu a renovação como “simultaneamente subtil e transformadora”.
