Situado no bairro de Westminster, em Londres, o Regent's Park é um dos parques reais mais antigos de Inglaterra. A uma curta distância a pé desta reserva verde, num bairro tranquilo com universidades, edifícios e residências, encontra-se o Regent's Park Townhouse. Este edifício histórico, datado de 1822, faz parte de um complexo residencial clássico inglês de 20 casas geminadas, situado na zona de preservação mais restritiva da cidade.
Equilibrando as restrições impostas por regulamentos rigorosos com as necessidades contemporâneas dos proprietários - um casal brasileiro-israelita e os seus dois filhos - o estúdio Arthur Casas levou a cabo um processo meticuloso de avaliações, consultas e aprovações para transformar e adaptar totalmente o espaço, preservando a integridade arquitetónica da casa.
Dividida entre o Brasil e a Inglaterra, a família é composta por dois filhos em idade escolar, um pai executivo de tecnologia e uma mãe curadora de arte e colecionadora envolvida em conselhos de museus. Esse histórico singular levou o projeto a incorporar o extenso acervo pessoal da esposa - com obras de Judith Lauand, Jane Gravarol e Rachel Baes - como fio condutor, criando um desafio de harmonizar arquitetura, mobiliário e arte que falam por si.
Entre as restrições impostas, estava a proibição de alterar a fachada, incluindo qualquer modificação interna que fosse visível através das janelas e comprometesse a aparência original.
Além disso, não eram permitidas alterações nos detalhes de gesso e nas molduras do teto. Assim, a escolha de tons neutros e esbranquiçados revelou-se ideal, não só por respeitar e harmonizar com estas diretrizes, mas também por criar um pano de fundo que realça as obras de arte expostas nas paredes - como uma tela em branco, permitindo a expansão da coleção. A preferência pela neutralidade na presença de obras de arte predominantes estendeu-se a outros acabamentos discretos e minimalistas, incluindo portas, acessórios eléctricos, dispositivos de iluminação, rodapés e radiadores.
Esta escolha marca um claro contraste com a decoração do antigo proprietário, caracterizada por tons escuros e estampados de animais. Programa arquitetónico A casa divide-se em dois volumes: a parte principal e um anexo nas traseiras, que anteriormente servia de estábulo para cavalos. Respeitando a planta original - uma tipologia típica do século XIX que não podia ser alterada - a seleção e a disposição do mobiliário garantem uma circulação fluida e o conforto dos espaços. Ao entrar no hall, o papel preponderante da arte é imediatamente visível. A partir daqui, é possível subir a escada de meio nível ou aceder às áreas iniciais dos espaços sociais: a sala de jantar, a sala de chá e a cozinha + sala de pequenos-almoços.
À direita, na sala de jantar, as cadeiras Flair'o, da B&B Italia, fazem par com uma mesa de madeira de carvalho natural (a mesma madeira do chão) com mais de 4 metros, desenhada especificamente para o espaço por Arthur Casas. O aparador Eros Ágape completa o conjunto, iluminado por arandelas e pendentes
de Alexandre Logé. Sobre a lareira, está exposta uma peça em preto e branco intitulada "Em cima da linha", de Anna Maria Maiolino. Adjacente à sala de jantar encontra-se a Sala de Chá, caracterizada por peças como a Cadeira Documenta de Paolo Deganello para a Vitra e o sofá vintage Cimo da Herança Cultural.
Finalmente, mais para dentro, a cozinha principal foi equipada com armários italianos personalizados da Boffi, reflectindo o amor da família pela gastronomia. A cozinha está ligada à zona de pequenos-almoços, situada num terraço com um telhado de vidro remanescente da renovação do proprietário anterior. Este espaço é banhado por luz natural e oferece uma vista integrada para o jardim. A mesa Eros Ágape, acompanhada por duas cadeiras Botolo da
Arflex, é complementada pelo armário Silent da De Padova. No nível intermédio entre o rés do chão e o primeiro andar, o pavimento em madeira clara de carvalho natural estende-se para envolver os armários personalizados do escritório, bem como o bengaleiro e a casa de banho, que apresentam mármore italiano da Salvatori e acessórios da marca dinamarquesa Vola.
O primeiro andar acomoda a área de estar e a sala multimédia, apresentando uma forte presença de mobiliário de assinatura. Seguindo o conceito de galeria de arte (e design), a seleção de móveis inclui poltronas vintage La Cachette, de Pamono, o sofá Cubo, de Jorge Zalszupin, e a poltrona Bowl, de Lina Bo Bardi, cada um representando o design brasileiro. Na sala de mídia, o design brasileiro
é ainda mais enfatizado com a poltrona MP43 Mirage e a otomana de Percival Lafer. Artistas britânicos como Issy Wood, Mary Martin e Grace Pailthorpe estão em destaque nas paredes.
Os dois pisos superiores são dedicados a espaços privados. A suite principal ocupa o segundo andar, enquanto o terceiro andar alberga dois quartos para os filhos do casal. A suite principal apresenta um roupeiro revestido a pele que contrasta com os desenhos das paredes e o mobiliário assinado, incluindo a cama BIO-MBO de Patricia Urquiola para Cassina, vestida com roupa de cama Frette e acompanhada por uma poltrona J.J. da B&B Italia. A casa de banho do casal inclui acessórios da Vola e mármore da Salvatori.
A residência inclui também instalações subterrâneas com uma cozinha para os funcionários, uma sala de estudo e uma sala de televisão.
O sistema de automação da casa, incluindo dispositivos inteligentes ligados à Internet, juntamente com aquecimento central modernizado, piso radiante e ar condicionado, completam a residência, misturando tradição, arte e funcionalidade.