O edifício, um dos doze projectos finalistas do Prémio de Arquitetura Wood 2024 da autoria da Klimahouse, é um pavilhão solidário de apoio e distribuição de alimentos a famílias e pessoas carenciadas.
Situa-se no município de Terlizzi, na Apúlia, Itália, e é contíguo à casa conventual da Fraternidade Franciscana de Betânia. O edifício AIDi (acrónimo italiano para "Accogliena In Dispensa", ou seja, "bem-vindo na despensa") abre-se para a cidade, tornando-se um elemento de união e de mediação entre a vida conventual e a da rua da cidade.
O edifício alberga um armazém para a armazenagem de pacotes de alimentos, bem como uma câmara frigorífica, um ponto de distribuição, um gabinete de escuta para pessoas necessitadas, casas de banho e um drive-through para a distribuição de pacotes de alimentos.
A pedido do cliente, foi necessário criar um edifício simples e acolhedor, mas que denunciasse a sua singularidade, precisamente pela importância da função que irá desempenhar. Dado que nos últimos anos a necessidade de ter um local dedicado à distribuição e à audição se tem tornado cada vez mais premente, foi também importante ter em atenção os prazos e os custos de execução.
O projeto
O edifício situa-se no muro de delimitação do lote do convento, tornando-se parte integrante do mesmo e desempenhando uma função de filtro entre o interior do lote e o exterior.
O projeto surgiu da ideia de "casa como lugar de hospitalidade", jogando com a imagem arquetípica de um edifício simétrico com um telhado de duas águas. Ao rodar a linha de cumeeira e ao alterar a posição das vigas principais e secundárias, a casa tradicional transfigura-se num edifício dinâmico, mantendo o eixo de simetria e uma simplicidade construtiva, útil para reduzir os custos e o tempo de construção.
A estrutura principal é em madeira lamelada, enquanto que os enchimentos são em estrutura de plataforma com isolamento intercalado. A cobertura é ventilada, com revestimento em chapa de alumínio.
Volumetricamente, o edifício é compacto, com fachadas em chapa metálica em continuidade com a cobertura a norte e a poente. A nascente e a sul - a parte do pavilhão com vista para a cidade - os elementos incluem guarda-sóis de madeira que proporcionam ar condicionado e privacidade. Também a nascente e a sul, as duas fachadas do edifício são recuadas em relação à linha de cobertura, revelando a estrutura de madeira lamelada e os elementos de brise-soleil em madeira que asseguram uma dupla função climática e de privacidade em relação à rua e ao resto da cidade. Esta operação gera um espaço porticado em frente à zona dedicada à receção e distribuição de encomendas, protegendo-a da chuva e do sol. O sistema de distribuição é unidirecional. O acesso à zona é feito a partir de um portão situado ao longo da estrada municipal a sudeste, passando por baixo do pórtico onde se efectua a distribuição dos alimentos e a receção, e saindo por outro portão situado a nordeste.
O espaço verde que rodeia o edifício, bem como as estradas e os parques de estacionamento, foram concebidos para garantir a máxima permeabilidade do solo, graças à utilização de elementos verdes autoblocantes, limitando o sobreaquecimento nas horas mais quentes do dia. Do ponto de vista energético, o edifício aproveita os painéis fotovoltaicos já em funcionamento no convento adjacente.
"Como arquitectos, temos uma grande responsabilidade. Cada edifício
estabelece uma relação entre o homem e o ambiente, podendo unificar ou separar", afirma Cesare Querci, arquiteto principal do gabinete. "Toda a arquitetura, independentemente da sua dimensão, é um sinal permanente no contexto e pode contribuir para o alterar de uma forma melhor. O desafio para nós é esforçarmo-nos sempre por fazer mais com menos!"
O edifício foi selecionado entre os doze finalistas que concorrem ao Prémio de Arquitetura em Madeira 2024, apresentado pela Klimahouse no âmbito da feira de Bolzano, em Itália, um dos eventos mais importantes da Europa sobre sustentabilidade e construções em madeira.
