O imóvel, uma antiga carpintaria industrial inserida na Colina de Santana, construída na década de 1930, foi consumida por um incendio no início do Séc.XXI. Mais tarde o imóvel foi comprado pela Camara Municipal de Lisboa que depois o consolidou estruturalmente. Esta intervenção revelou a expressividade e a qualidade extraordinária do espaço.
Posteriormente o edifício foi concessionado em concurso público á Associação Cultural e Recreativa das Carpintarias de São Lázaro, que promove a cultura e as artes contemporâneas, das artes visuais à música, ao teatro, dança, cinema e gastronomia.
O Centro Cultural propõe a integração através da cultura, onde a criatividade, a inovação e o cruzamento multidisciplinar criam a oportunidade de reunir pessoas, comunidades e conhecimento.
Foi intenção do nosso projecto interferir minimamente na preexistência, mantendo todos os elementos expressivos do edifício.
Esta intervenção é o início de um projecto evolutivo, sendo esta a sua primeira fase.
Nesta primeira intervenção foram implementadas as circulações, pavimentos, instalações sanitárias, infraestruturação técnica, eletricidade e sistemas de segurança.
No fundo procurou o projecto criar uma estrutura flexível que permita albergar os acontecimentos culturais que aí estão a acontecer, nomeadamente exposições, concertos, residências artísticas, etc. de um modo económico que garanta as condições técnicas e espaciais necessárias.
Todo o projecto foi pensado nesta óptica de flexibilidade.
Dado o caracter do projecto, um centro cultural, existiu a necessidade de criar um elemento icónico na intervenção.
Este elemento teria de simultaneamente identificar o espaço e ser suficientemente discreto para não interferir nas exposições e eventos que decorrem no espaço.
Esta situação foi resolvida com a escada em caracol que atravessa os diferentes pisos, e que se prolonga no mezanino sobre a sala principal.
Este conjunto, escada guarda, foi concebido como um elemento contrastante em chapa pintada de branco, que na sua forma, uma espiral sinuosa, dialoga e enfatiza o caracter cartesiano da estrutura em betão da existência.
Nas texturas, o branco liso dos elementos propostos, acontece a mesma situação, é o contraste que estabelecem com a rugosidade do betão e dos rebocos inacabados que proporcionam a qualificação da pré-existência.
O projecto encontrou neste espaço uma prenda e a sua resolução foi desenhar um laçarote branco que o atravessa, agradecendo deste modo a oportunidade maravilhosa que a Associação Cultural e Recreativa das Carpintarias de São Lázaro nos proporcionou.