O sitio está localizado a 1250 m de altitude na serra da Mantiqueira no município de Camanducaia, em um terreno com 20.000m², com pendente para a face norte. Essa orientação privilegia a implantação da casa que se abre para as vistas da serra e se fecha para o vento frio do sul.



O projeto nasce da ideia do pátio. O programa da casa se organiza em 3 blocos ao redor do desse pátio de 10x10m: a casa principal, o galpão e a casa de hóspedes com duas unidades. O acesso a cada volume é independente dando flexibilidade às diversas atividades possíveis.


O pátio, espaço de encontro, seja nas atividades agrícolas do dia a dia (secar e separar grãos e hortaliças), seja nos momentos de descanso, festejos ou comtemplar uma fogueira com o céu estrelado.
A implantação da casa em um nível intermediário do terreno, permitiu duas “camadas” de vistas. A mata preservada mais próxima onde se avistam e escutam os animais, e o vale com uma montanha ao fundo onde se percebem as mudanças na paisagem: chuva, vento e sol.


O sistema construtivo pensado buscou a rapidez e valor baixo da construção, além da facilidade de entendimento do projeto pelos construtores locais. As paredes de taipa foram executadas por empresa especializada apoiadas sobre o baldrame de concreto deixado aparente. Os pisos (exceto o pátio) são de concreto polido sobre placas de isopor para ter isolamento térmico. A cerâmica do piso do pátio buscou resgatar os espaços de secagem de café das fazendas históricas.

Ao longo do dia a temperatura varia muito, os dias são quentes e as noites frias mesmo no verão. Exceto no galpão, o sistema construtivo adotado buscou o isolamento e inercia térmica. Para a casa principal e hospedes, a cobertura de telhas metálicas com isolamento se apoiam em estrutura de madeira laminada colada e paredes de taipa de pilão de 30cm. Para o galpão, espaço de ferramentas e lavanderia, optou-se pela economia de recursos, utilizando laje painel e estrutura de concreto aparente sobre paredes de alvenaria convencional e fechamento com cobogós de tijolo cerâmico da região.


O sistema de tratamento de esgoto é ecológico, através do uso de bacia de evapotranspiração com bananeiras que evaporam a agua depurada por bactérias. A água captada da chuva infiltra no solo novamente para alimentar o lençol freático.



Todo o projeto foi pensado em reduzir o impacto na paisagem seja no aproveitamento do solo da terraplanagem para subir as paredes de taipa, seja na escolha da madeira proveniente de reflorestamento. A simplicidade dos materiais, deixados em seu estado bruto, busca essa economia de recursos, além de permitir uma reconexão com a matéria que compõe o espaço.



creditos
Arquitetura Luis Claudio Marques Dias, Vivian Hori Hawthorne
Colaboradora: Luiza Amato Iazzetti
Paredes de taipa: Taipal Brazil
Projeto complementar de estrutura, elétrica e hidraulica: Caue Carromeu - Fck Engenharia
Mão de obra local: Tiago da Silva Morais e equipe
Carpinteria: Pica Pau(Camanducaia-MG)
Telha metálica: Kingspan Isoeste
Estrutura de madeira: Ekomposite and Rothoblass
Fotgrafia: Pedro Kok

