A Casa Azul é um estudo de caso sobre como construir em meio a uma natureza exuberante e protegida, sem danificá-la. O terreno está localizado na Serra do Guararu, região litorânea de mata atlântica no estado de São Paulo, a apenas 500 metros de distância da Praia de Iporanga.


O projeto deveria ser implantado dentro de uma área previamente delimitada pelos órgãos ambientais, mantendo o restante do terreno intocado. A arquitetura teve que trabalhar dentro de parâmetros rígidos para preservar completamente a paisagem existente e, logo de início, foi definido um perímetro de dois metros ao redor da projeção da casa para proteger a floresta das atividades da construção.



A casa foi concebida sobre pilotis, livrando um vão de 15 metros de comprimento por 8 metros de largura, que recobre em sombra a principal área social e de lazer no térreo da casa. Este deck de madeira, ligeiramente elevado do solo para proteger o pavimento da umidade, integra-se com a vegetação ao redor estendendo-se sinuosamente para além da projeção do edifício. Sua geometria abstrata, uma homenagem ao trabalho do arquiteto paisagista Roberto Burle-Marx,intencionalmente contrasta com o volume retangular que define a casa acima, e possibilita trazer a vegetação ora mais próxima, ora mais distante, alternando as formas de interação com a paisagem.


A piscina, parcialmente protegida pela sombra, interpõe-se entre o deck e a natureza, faz margem para o paisagismo criado por Rodrigo Oliveira e, ao avançar para fora da projeção do volume de cima, permite uma conexão mais direta entre o desenho da casa e a mata e a topografia que se estendem a caminho do mar. Perpendicular a sombra da casa, um muro de pedra rústica separa a área de lazer dos ambientes de serviço e complementa a dupla de pilares que estruturam o vão.


Sobre o térreo, dois volumes empilhados e desencontrados parecem flutuar em meio a copa das árvores. A elevação dos volumes na Casa Azul não apenas tem a intenção de sombrear e proteger, mas também de alcançar a vista ao redor. A primeira caixa de concreto enquadra a natureza com suas laterais envidraçadas e permite a vista para o mar. Quando abertos o ambiente torna-se uma grande varanda, que permite que o olhar atravesse completamente a arquitetura. O segundo pavimento abriga quatro quartos imersos na copa das árvores. Neste volume, as faces longitudinais recebem um fechamento de muxarabis de madeira, que gentilmente filtram a luz.


Os caixilhos de madeira, mobiliários fixos e peças de decoração, com texturas e cores naturais, trazem a natureza para dentro da casa. Os volumes de concreto emprestam seu tom aos ladrilhos do piso e as bancadas em pedra. No térreo, o piso de cacos largos que leva à entrada gradativamente se desfaz e se mistura com a natureza.


Na Casa Azul, a materialidade é simples e discreta. A arquitetura pousa suavemente no solo, e os volumes se abrem para o entorno, diluindo sua presença. O jogo de cheios e vazios torna o conjunto leve, e a casa alça voo. É a arquitetura de modernismo natural que ressalta a exuberância da natureza ao redor, tornando-a parte dela.


Equipa:
Arquitectura: studio mk27
Arquitecto: Marcio Kogan
Co-arquitecto: Samanta Cafardo
Design de interiores: studio mk27 - Diana Radomysler
Equipa de projecto: Carlos Costa, Mariana Simas, Mariana Ruzante, Oswaldo Pessano, Ricardo Ariza
Designer Paisagista: Rodrigo Oliveira
Engenheiro de estruturas: Engenharia interna
Mep Engineer: DLameza Engenharia
Empreiteiro: Engenharia de fechaduras
Fotógrafo: André Scarpa

Materiais utilizados:
Molduras de janela: Mado
Luminárias: Lumini
Carpintaria (portas, painéis e fachada): Marvelar
Carpintaria de Móveis: Santana Toti
Mármore: Arthur
Pedras: Bellas Artes
Caixilharias de alumínio: Kiko esquadrias
Serralheiro: Artsteel
Deck de madeira: Core


