A cidade de Lisboa proporciona aos arquitectos um contraste único entre luz e sombras, que os convida a explorar mais este conceito e a criar projectos que o reproduzam no interior da casa. Se a isto juntarmos a presença de um ambiente rural, este contraste aumenta ainda mais. As sombras criadas pelas construções geométricas do centro urbano são complementadas por imagens geradas pela interação da luz solar com as árvores e outras plantas circundantes.
O CONCRETE 11 nasceu da vontade de viver em harmonia com o centro de Lisboa e com a Natureza que o rodeia. Uma casa urbana onde é possível ter o mesmo nível de ligação com a Natureza que numa casa de campo.
A conceção do projeto nasce da maquete do terreno onde se iria implantar o edifício e da vontade de o valorizar, mantendo as suas características principais. Ao desenvolver a casa de uma forma que interage perfeitamente com o ambiente envolvente, os seus proprietários passam a ter uma maior proximidade com a Natureza e um estilo de vida mais natural.
A integração urbanística e paisagística foi garantida através dos materiais utilizados nas fachadas, que camuflam a casa no terreno. A forte inclinação do terreno possibilitou que o edifício funcionasse como duas camadas sobrepostas. Uma que está embutida no terreno e serve de base e outra que levita sobre a primeira. Esta última, representada por um elemento de betão branco com aberturas horizontais, é onde se desenvolvem as actividades mais sociais e menos íntimas da casa.
Todo o design, iluminação e decoração foram feitos de forma a manter uma relação estreita entre todos os diferentes elementos do projeto. Os vãos horizontais que se encontram na camada superior não são simplesmente um desenho de fachada. Proporcionam uma relação muito pessoal na forma como o interior interage com o exterior, principalmente em termos da forma como a luz do sol e as sombras envolvem o edifício. O vão na sala de jantar está colocado ao nível exato que permite a uma pessoa de estatura média ver o topo das árvores quando está sentada. Os vãos da sala de estar permitem avistar as oliveiras, tão típicas desta região mediterrânica, quando se está sentado e os edifícios da cidade quando se está de pé.
Desde o início do projeto, a iluminação de cada divisão da casa foi objeto de uma reflexão aprofundada, desde o lustre do hall de entrada com pé direito duplo até ao Castiglione da sala de estar.
Para dar ao edifício um aspeto que ultrapassa a sua funcionalidade doméstica e obter uma aparência de escultura, os materiais utilizados foram particularmente importantes. Foi dada prioridade aos materiais de origem nacional, desde a seleção da madeira até às pedras naturais.
Os interiores foram pensados e desenhados com o objetivo de conseguir um ambiente relaxante e acolhedor, ao mesmo tempo que conferem à casa características únicas, modernas e tranquilas.
Existem duas formas de entrar na casa: de carro, através da garagem, e a pé, através de um acesso pedonal. A garagem situa-se numa cave construída em betão alisado, que contém também uma garrafeira e uma área técnica. O acesso pedonal é constituído por leves e largos degraus em betão, sem alinhamento formal, que nos conduzem até à porta.
Ao entrarmos no hall, através de um grande vão embutido em ripas de pinho em betão cinzento, somos imediatamente conduzidos para a zona social da casa, no piso superior. Esta entrada, revitalizada pela luz natural, é uma simbiose entre o pé direito duplo, revestido a madeira e vidro, e a escadaria, que convida ao convívio. Também neste piso de entrada se encontra a zona privada, com três suites escondidas por painéis de madeira.
Os três quartos são iluminados pelo grande pátio com uma oliveira centenária, situado no coração do terreno. Quando subimos ao chão de betão branco, somos esmagados por uma luz, que rasga o desenho em U da sala de estar e do escritório, e somos convidados a abrir as janelas para que o jardim e a piscina caibam dentro da casa como se estivéssemos no campo.
O resultado final foi muito positivo. Através de toda a personalização que oferece, a casa dá aos seus proprietários um lugar a que se orgulham de chamar seu. Para além disso, consegue o desenvolvimento urbanístico necessário, dando ao Ambiente todo o respeito que este merece e privilegiando as sinergias entre ambos.
Team:
Interior Design, Light Design, Architecture Office & Landscape: CAGE ATELIER
Main Architect: RICARDO RAMOS
Builder: CONSTRUCTORA SAN JOSÉ
Inspection: BLUE PLACE
Acoustic Design, Engineering, Fluids Engineering, Thermal Engineering: P2S Project
Architectural photographer: Ivo Tavares Studio
Materials Used:
Bruma
Sanindusa
Madeicentro-golden Parquet
Barmat
Marmoretomás
Kuc
Miele
Sdd
National Blinds
Cortizo
Planta Livre
Confrasilvas
Horto Campo Grande